Página inicial  >Crescem investimentos em conectividade no campo
Crescem investimentos em conectividade no campo

Crescem investimentos em conectividade no campo

Crescem investimentos em conectividade no campo

Embora seja um elemento de infraestrutura essencial para a agricultura digital, a conectividade no campo ainda é um desafio para o agronegócio brasileiro. Na tentativa de mudar esse quadro, grandes empresas agrícolas estão assumindo o desafio de implementar a conectividade 4G para dar mais agilidade a seus processos, aumentar a produtividade e operar com mais segurança. Algumas das iniciativas estão na estrada há alguns anos, mas vêm ganhando tração recentemente.

Leia também

  • Programa 'caça' gargalos de conectividade em zonas rurais
  • Levantamento atesta "furos" da conectividade em zonas rurais do país
  • Grupo de trabalho busca ampliar conectividade no campo

Em 2018, a TIM iniciou o projeto “4G TIM no Campo” por meio da instalação de estações radio base (ERB) (popularmente conhecidas como torres de transmissão), fornecimento de linhas corporativas, aparelhos de celulares, dispositivos móveis e soluções de Internet das Coisas (IoT).

Nesses seis anos, a empresa informa ter ampliado de zero para 20 milhões de hectares a área coberta com sua solução no campo, alcançando mais de 1,7 milhão de pessoas, 231 mil propriedades, 220 mil pequenos e médios produtores, 128 unidades básicas de saúde e 412 escolas púbicas em áreas rurais.

Alexandre de Oliveira Dal Forno, diretor de desenvolvimento de mercado IoT & 5G da TIM — Foto: Divulgação

“Nossa estratégia se baseou na importância conectividade para a habilitação da transformação digital na agricultura”, diz Alexandre de Oliveira Dal Forno, diretor de desenvolvimento de mercado IoT & 5G, da TIM.

A Jalles Machado, uma das maiores produtoras de açúcar orgânico do mundo, foi a primeira cliente da TIM a levar para a propriedade de Goianésia (GO) um amplo projeto de conectividade. “Começamos em 2018 com a instalação de uma torre e já realizamos três expansões”, afirma Eder Fantini Junqueira, gerente de Tecnologia da Informação da Jalles. Atualmente, a empresa tem 17 torres que cobrem 100 mil hectares de produção nas três propriedades de Goianésia e Santa Vitória (MG).

Eder Fantini Junqueira, gerente de Tecnologia da Informação da Jalles — Foto: Divulgação

De acordo com Junqueira, a safra de 2024 foi a sétima com 4G no campo. “Nesse período passamos de 70 linhas telefônicas para 800 linhas, conquistamos mais mobilidade e agilidade na tomada de decisão. Conseguimos monitorar várias frentes de colheita simultaneamente e integrar equipamentos, e instalamos uma torre de controle agroindustrial que acompanha em tempo real as todas operações no campo”, diz

Depois da Jalles, outras 50 grandes empresas, a exemplo da Citrosuco, Adecoagro, Agropalma, BemBrasil, Insolo, Amaggi, SLC Agrícola, também investiram na instalação de torres de telecomunicação em diversas regiões do país.

Conectividade aumenta no campo — Foto: Arte: Globo Rural

Também em 2018 a operadora de telefonia fez uma parceria com a Case IH, de máquinas agrícolas, para impulsionar o avanço da conectividade no campo. A parceria incluiu a oferta de antenas TIM na compra de pacotes de máquinas e resultou na conexão de mais de 1 milhão de hectares, segundo Eduardo Penha, diretor de marketing e Comunicação da Case IH para a América Latina.

Juntas as duas empresas criaram a ConectarAGRO, associação sem fins lucrativos, que conta atualmente com mais de 10 apoiadores interessados em fomentar a expansão do acesso à internet nas áreas rurais do Brasil. De acordo com o Indicador de Conectividade Rural, desenvolvido pela ConectarAGRO, os avanços no campo começam a aparecer: em outubro de 2024, 23,8% das áreas agrícolas do Brasil possuíam cobertura da rede 4G – em abril do ano passado, eram 19%.

Embora a iniciativa privada esteja desempenhando um papel relevante no avanço da conectividade no campo, são necessárias políticas públicas para garantir a acesso, especialmente de pequenos e médios produtores, dizem especialistas. “A expansão da conectividade rural nos próximos anos será impulsionada por parcerias privadas e uma maior mobilização do mercado, mas a efetiva universalização dependerá de políticas públicas robustas”, diz Paola Campiello, presidente da Conectar Agro.

Alexandre de Oliveira Dal Forno, da TIM, afirma que atualmente os custos de instalação variam de acordo com a região que será conectada e o relevo dos terrenos. “Uma torre pode cobrir de 10 mil hectares, em áreas mais acidentadas, a 35 mil hectares, em áreas mais planas” diz. Segundo ele, os investimentos oscilam entre 25% a 50% do valor da saca de soja por hectare.

A BP Bioenergy detém o maior projeto de conectividade do agronegócio em operação. A empresa recebe cobertura de 198 torres de transmissão. Desse total, 98 foram instaladas os últimos dois anos. Atualmente as 11 unidades da empresa em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins estão conectadas e oferecem cobertura para os 450 mil hectares de canaviais próprios espalhados pelos cinco Estados do Brasil, além de outros 3 milhões de hectares em todo o País.

“Nosso projeto também tem um importante impacto socioeconômico ao beneficiar mais de 105 mil pessoas em 46 municípios próximos às unidades da empresa, incluindo 65 escolas, das quais 53 são públicas”, diz Paulo Macedo, diretor de Tecnologia da Informação da empresa. Entre 2023 e 2027 a BP Bioenergy estima investir cerca de R$ 100 milhões de infraestrutura, serviços e atualização de equipamentos.

Paulo Macedo, diretor de Tecnologia da Informação da BP — Foto: Divulgação

De acordo com Macedo, a conectividade possibilitou integração de tecnologias, aprimoramento da gestão logística, segurança operacional e potencializou o uso de tecnologias já existentes na empresa de monitoramento, em tempo real, das operações de plantio, colheita, transporte, irrigação e fertirrigação.

Para 2025, a BP Bioienergy planeja integrar a agricultura de precisão, utilizando dados de produtividade, qualidade do solo e crescimento vegetativo para otimizar os tratos culturais e reduzir o uso de insumos.

Fonte do artigo:estatísticas timemania